Wednesday, February 11, 2009

Terroir

Essa semana, a Mistral fez uma promoção de ponta de estoque na qual garrafas com rótulos defeituosos – rasgos e manchas – eram vendidas a preços muito convidativos. Aproveitei a oportunidade e comprei um exemplar do chileno Carmen Reserve Pinot Noir, safra 2006.

O mesmo vinho, na safra de 1997, havia recebido boas indicações. Portanto, a aquisição da garrafa de 2006 aparentava ser uma boa oportunidade – positivamente correspondida após o consumo.

Essa aliança “promoção+Chile+Pinot Noir” fez-me pensar sobre a equivocada tese de que não é possível produzir um bom Pinot Noir fora da Borgonha. A se acreditar nos famosos especialistas que defendem temas como esse – Robert Parker, por exemplo –, deveria existir um sabor universal/único para todos os vinhos. Nesse ponto, uma pergunta incomodava-me: qual a função de um terroir se pretendermos que todos vinhos, de uma mesma uva, em vários locais do mundo, tenham sabores iguais?

Apegado a meu total amadorismo, arrisco uma resposta: penso que a graça está em tentar obter o melhor vinho possível dentro das especificidades de cada região. Ou seja, um bom tinto deve reproduzir o clima, a terra e, acima de tudo, a cultura de um país. Nesse sentido, entendo que pode não ser muito justo, nem inteligente, comparar qualquer vinho como sendo melhor ou pior do que aqueles produzidos na Borgonha ou em Bordeuax. Haja vista, sobretudo, a excelente qualidade atingida por alguns vinhos estadunidenses. Por exemplo, uma garrafa de Pinot Noir, safra 2005, produzida pela Domaine Drouhin, no Oregon, custa a fortuna de R$ 220,00. - eu sequer sabia que vinhos são produzidos por lá. A própria garrafa do Carmen, comentada no início do post, não custa menos do que R$ 80.00 nas boas casas do ramo.

Resumindo, não se acanhe caso queira pedir vinhos chilenos ou argentinos. Há boa vinícolas produzindo nesses países.

>> Que País é Esse: Legião Urbana: Música Para Acampamentos
>> FHC

1 comment:

ncanani said...

Concordo com você, Renato. O "terroir" é a maravilha da enofilia. Se todos os vinhos pudessem ser julgados a partir dos mesmos critérios, como faz o Robert Parker, a própria profissão de crítico de vinhos perderia o sentido. Compraríamos sempre os melhores franceses (de acordo com cada orçamento) e fim de papo. Mas a diversidade está aí para provar que Parker está errado.