Friday, April 30, 2010

Os Outros: Guilherme Fiúza

"Com a pista livre, Boni foi verificar os índices de audiência: os cassestas grosseiros e anônimos tinham superado os trinta pontos no ibope. Sucesso total. Com a alma lavada e os números mágicos na mão, o diretor correu à sala de Roberto Marinho.
O Chefe ficou feliz com as notícias sobre a ampla aceitação do público. Mas continuou ressabiado:
- Boni, eu acho pesado. Vai ser sempre assim?
- Não, doutor Roberto. Quando os rapazes ficarem mais à vontade vai piorar um pouquinho...".
O novo livro de Guilherme Fiúza, "Bussunda - A Vida do Casseta". Veja lá o primeiro capítulo.

>> There She Goes Again; R.E.M.; Dead Letter Office
>> Os Espiões; Luis Fernando Verissimo; Alfagarra

Saturday, April 17, 2010

Enquanto isso, lá no Pontão...

A foto acima foi tirada em um ensolarado momento no Pontão do Lago Sul. A imagem vale por si.

>> Sports et divertissements (21 Sports and Diversions), for piano: No. 16, "Le water-chute"; Eric Satie; Satie: Popular Piano Works
>> Revista Piauí; Abril 2010

* A autoria da foto é de Junior Behrens

Thursday, April 15, 2010

Alvíssaras

Lá, no blog do Canani, você encontra notícia mais do que interessante. Em transcrição literal:
"saiu, no final do mês passado, o quarto relatório brasileiro de acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Leio que a pobreza extrema caiu, no Brasil, de 1990 até 2008, de 25,6% para 4,8%. No penúltimo relatório, de 2007, esses índices eram 8,8% para 1990 e 4,2% para 2005."
Para além de eventuais críticas, a novidade é muito boa. Como diria um famoso colunista de O Globo, "com bolsas anti-fome, suspensão de impostos, piques de empregos formais, pacs e repacs e trancos e barrancos o governo está inserindo cada vez mais gente na vida econômica do país".

>> Chocolate Chip; Miles Davis; Doo-Bop
>> Revista Piauí; Abril 2010

Monday, April 12, 2010

Chuva de Idéias

Hoje, faz uma semana que desabou o morro do Bumba. Não é uma data a se comemorar.

A tragédia, infelizmente, demonstrou mais uma vez nossas assimetrias. Ao longo dos anos, o Brasil arrasta o pecado das desigualdades. E é nas regiões mais pobres que as diferenças sociais se acentuam: talvez uma das marcas mais tristes deste nosso começo de século seja a falta de solidariedade/humanidade para com os pobres.

No Brasil, pouco se pretende conceder a essa parcela da população. Somente aos trancos, nosso “contrato social” aceita pender um pouco para o lado humilde do país. Não foi diferente na semana que passou: o descaso mostrou sua pior face, 232 mortos até o momento em que escrevo. Apesar da politicagem e das promessas de que tudo vai mudar, pouco coisa concreta foi feita no Rio de Janeiro.

Conforme resumiu Raymond Aron, a pobreza – brasileira, inclusive – pode ser medida pela diferença entre o que se quer e o que se tem. Faz-se necessário reconhecer que não basta remover as favelas e sanear a cidade. Por certo, essas são medidas importantes, mas que não comportam fins em si mesmas. Tese maior recomenda trabalhar em dois sentidos a fim de não repetirmos a tragédia da semana passada: educar o povo para a consciência de seus direitos e educar nossas elites para o patriotismo.

É necessário reduzir as desigualdades. Na frase de Tancredo Neves: “um país justo é aquele no qual o Estado contém a ganância dos ricos e eleva a renda dos pobres, de maneira a construir a mais ampla classe média possível”. Tivéssemos concretizado essas palavras, o morro do Bumba simplesmente não existiria.

Para além desse cenário, o mais grave desta nossa época estéril não é apenas a ausência de solidariedade, mas a falta de idéias. Não que faltem as absurdas, como, por exemplo, a contratação da Fundação Cacique Cobra Coral para “intervir” nas precipitações meteorológicas cariocas. Idéias há, portanto, mas invertebradas em sua maioria. Autorizar moradias em um lixão desativado e ainda urbanizar a área é uma delas; contratar uma entidade espírita para controlar os resultados desta imprevisão é outra.

Para quem não acredita, no dia da tragédia, o site da Fundação trazia o seguinte aviso: "Chuvas no Rio: A FCCC só foi Acionada pela Prefeitura as 23h51 do dia 05.04.10 quando a cidade ja estava atingida pelo temporal desde as 18h00... A FCCC é Inerte e só atua quando Solicitada, conf. convênio operacional”. Pior ainda, no ano passado, de acordo com o que escrevi aqui, o secretário Luiz Guaraná defendera o descarte da ajuda espiritual, por considerar que a cidade deveria priorizar investimentos reais na conservação. Foi ignorado.

Não se trata aqui de criticar convicções religiosas de quem quer que seja, mas causa espanto a política da prefeitura. Sobre esse tema, Max Horkheimer disse certa vez: “muitas idéias, às vezes, querem dizer idéia nenhuma”. A meu ver, é esse o caso do Rio de Janeiro. Pobre Rio.

>> Come Back to What You Know; Embrace; Álbum Desconhecido
>> Revista Piauí; Abril 2010

Friday, April 09, 2010

Conselhos ao B.

#11 Vez ou outra, volte à casa.
No futuro, aonde quer que você esteja, venha à Brasília de vez em quando. Ninguém erra o caminho de retorno.

>> Quiet Little Voices; We Were Promised Jetpacks; These Four Walls
>> The Professor's Daughter; Emmanuel Guibert; First Second

Sunday, April 04, 2010

Nunc Stans


Muitos anos atrás, renascia aquele rapaz da Palestina. Ao vagar pelos caminhos, seguido de gente de toda espécie, falava em coisas aparentemente abstratas, como amor, justiça, reinos de outro mundo e reinos deste mundo.

Em nosso tempo, alguns fazem de sua palavra uma agência de empregos e de amores, além de distribuirem prêmios como loterias. Há outros, inclusive, que a utilizam como salva-vidas ao grande desespero da alma moderna. É certo que razão maior nos recomenda ver a presença do Mestre em cada uma delas. Porém, não nos podemos esquecer de uma de suas maiores lições: de nada adianta ao homem ganhar o mundo e perder a alma.

Não se pode negar dignidade à vida em seu cotidiano, sem negá-la em toda sua plenitude. Portanto, a mais bela de todas as mensagens - a metáfora sobre a vida solidária - é aquela que diz: os homens nasceram para a amizade, e não para o desprezo e o ódio. Feliz Páscoa aos prezados.

>> Balança; João Donato & Marcelo D2; The Rough Guide to Brazilian Lounge
>> The Professor's Daugther; Emmanuel Guibert; First Second