Thursday, December 23, 2010

Estes Dias de Dezembro

Na ocasião em que rumava ao Oriente, Alexandre, o grande, encontrou alguns pensadores indianos e lançou-lhes intrigante desafio. “Quando um homem deve morrer?”, indagou o filho da Macedônia. Condenado à morte caso a resposta fosse néscia, um dos pensadores respondeu: “Um homem deve morrer quando não mais tiver vontade de viver”.

Foi esse afã pela vida que nos nutriu como homens e como sociedade. A vida, conforme podemos comprovar no cotidiano e na lição do Criador, é uma aventura coletiva. Ato contínuo, o Natal é a renovação desse sentimento, acerca do qual devemos manter a “vontade de viver” para preservarmos nossa humanidade.

Ao contrário do que evoca o 25 de dezembro, porém, um dos intermediários do suicídio das sociedades humanas é o egoísmo. Hoje, vivemos em um mundo no qual se manifesta a terrível experiência do interesse próprio desmedido. Apesar de não ser evento novo na história humana, a virulência do individualismo atual apresenta-se ímpar. Não por outro motivo, a solidão humana materializa a deformação do amor, sentimento essencial à vida.

Única maneira de saciar esse “medo do outro” e de tentarmos entender os motivos do individualismo, o bem comum deve, sempre, ser utilizado para equilibrar a bondade humana. Em razão disso, o Natal deve ser percebido como a manifestação desse equilíbrio e do retorno do homem a si.

Lentamente, começamos a dar-nos conta de que é preciso retomar a essência do homem: voltar ao senso comum do que é possível e desejável a todos. O maior desafio moderno, enfim, é descobrir como demolir a arquitetura do caos e da separação que parecem nos envolver.

De acordo com a Escritura Sagrada, a humanidade poderia ser una. No lema bíblico, olhamos todos para o mesmo horizonte; precisamos, portanto, ver o mesmo céu. É a isso que cada um de nós deve celebrar.

Nesse exercício de reendereçamento do homem, observadas as questões de fé, o Natal fornece-nos símbolos eficazes: suaviza o travor do cotidiano e lembra-nos que, como homens, somos filhos do Homem. Assim, precisamos manter acesa a “vontade de viver” - questionada por Alexandre -, para que seja possível, junto aos ensinamentos do Criador e de seus discípulos, prosperar na maior metáfora da vida solidária. Aquela que nos ensina: os homens nasceram para a amizade e não para o desprezo e o ódio.

Portanto, prezados, abracem os seus mais caros amigos, bebam o melhor vinho e sorriam. Não haverá erro e será inesquecível. Feliz Natal.

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