Friday, January 23, 2009

New World



O vídeo acima foi feito entre 1939-1940, durante a Feira Mundial de Nova Iorque. Retrato amador do momento, reflete com certa precisão o modo de vida e o estupor criado por tecnologias que seriam pueris no mundo moderno. Entretanto, exatamente por se tratar de uma produção não oficial, o pequeno filme mostra uma visão pessoal e humana do evento.

As antigas "Feiras Mundiais" eram, em seu tempo, um espetáculo à parte. Mesmo as maiores feiras da atualidade não se comparam ao ineditismo e publicidade que estes encontros causavam no passado. Quase como um playground adulto, as feiras eram um grande showroom dos produtos e tecnologias expostos - sem falar na publicidade angariada pelos países expositores.

Para ficar em um exemplo histórico, vale lembrar o caso de Dom Pedro II e Alexander Graham Bell. Durante a Centennial Exposition, na Filadélfia, o Imperador encontrou um ainda obscuro professor da Escola de Surdos, então expondo uma inusitada criação: o telefone. Pedro II - que havia trocado algumas cartas com o inventor - resolveu conversar com o Sr. Bell. Obviamente, atrás do monarca, o séquito de jornalistas e puxa-sacos também parou. Até esse momento, a máquina havia recebido pobre atenção na feira.

Percebendo a oportunidade, Bell convidou o Imperador a adentrar o espartano estande e, desse modo, testar o invento. Ato contínuo, Dom Pedro segurou o fone e imediatamente o largou - não antes de ouvir Bell recitar "to be or not to be?" por meio do aparelho. A história diz que o governante afirmou, petrificado: "Meu Deus, essa coisa fala!". Graças à publicidade gratuita, o telefone tornou-se a sensação da feira.

Estranhamente, esse tipo de repercussão mundial a partir das feiras continuou durante muitos anos. Caso você tenha tempo para ver o vídeo desse post, poderá perceber um robô, meio desengonçado, ao final da película. Não se assuste, foi a partir dessa máquina criada pela Westinghouse - como atração para o evento novaiorquino - que Isaac Asimov inspirou-se para escrever um conto chamado "Robbie", em 1940. No texto do escritor, um robô falante surpreende uma garotinha que vai ao Museu de Ciência e Indústria no ano de 1998.

Ao contrário do que diz o ditado, às vezes, a arte parece imitar a vida. Felizmente.

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