Faz pouco tempo, li na
internet que o exército americano desenvolveu um novo lançador de granadas cujos explosivos disparam somente quando estão sobre o alvo. Por meio de um sofisticado sistema de controle sem fio, cada “bala” pode ser programada para explodir no momento cuja destruição seja mais eficaz. Desse modo, conforme atesta o fabricante da arma, os soldados poderiam abater inimigos através – ou em volta - de obstáculos.
Conforme o esquema abaixo, o sistema de disparo utiliza-se de scanner termal, mira laser, mira convencional, luz infra-vermelha e – ao que parece – um compasso. Tudo isso para medir exatamente a distância do alvo e, por meio de uma conexão sem fio, programar cada uma das granadas a fim de que explodam perto do objetivo.
Na opinião do exército, tal dispositivo infligiria máximo poder de destruição e mínimo risco colateral. Assim, por exemplo, se houver um atirador escondido em uma trincheira, o soldado pode programar as granadas para que explodam exatamente sobre o
sniper.
Ao custo de vinte e cinco mil dólares por arma, mais $25 por cada granada “
wi-fi”, o dispositivo despertou uma dúvida na minha cabeça: algo deve estar profundamente equivocado com um exército que arquiteta armas aos moldes das usadas por Tom “Magnun” Selleck naquele horroroso filme “
Runaway”. Na película, o personagem de Selleck vivia atrás de umas arminhas que disparavam balas em função da análise de temperatura do alvo, atingindo somente esta pessoa específica.
Fico pensando, os generais americanos não devem ter aprendido nada sobre a guerra moderna. Até o soldado mais fedorento sabe que uma arma não confiável é a melhor passagem de volta para casa – o
tag no pé e o caixão incluídos. Todo engenheiro, por sua vez, sabe que tanto mais complicado o design, maior as chances de falha do mecanismo, especialmente em novos produtos.
Não pode dar certo, portanto, uma arma que depende de tantos e tão sofisticados apetrechos - principalmente se considerarmos que estes irão funcionar em zonas altamente instáveis como áreas de conflito. Surge a piada, então: o
US Army gasta $25.000,00 por cada arma e um maltrapilho terrorista afegão, munido de um simplório
walkie talk Motorola, consegue fazer com que as tais granadas explodam sobre a cabeça dos próprios americanos.
>> Wake Up This Morning; A3; Sopranos Soundtrack
>> Disgrace; J. M. Coetzee; Penguin